Comunidade se mobiliza em vigília de resistência para proteger importante centro cultural e social em Pelotas
O Kilombo Urbano Canto de Conexão, uma ocupação localizada na zona portuária de Pelotas, está enfrentando uma ordem de despejo, colocando em risco a continuidade de suas atividades culturais e sociais. Nesta segunda-feira (15), a comunidade e seus apoiadores se reuniram em uma vigília de resistência para defender o território que há sete anos vem servindo como um importante centro de resistência e apoio comunitário.
O espaço foi ocupado em 2017 por alunos da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), que transformou o local que antes era abandonado e negligenciado em um ambiente cheio de vida, oferecendo diversas ações comunitárias. Desde a sua criação, o Kilombo tem sido um ponto de esperança e inclusão, promovendo atividades culturais, educacionais e sociais sem qualquer apoio governamental, contando apenas com doações e o esforço coletivo dos voluntários.
Hoje, o prédio abriga uma biblioteca, uma horta, ateliê de artesanato e reciclagem, palco para apresentações, espaços para reuniões e rodas de discussão, brechó e um cozinha solidária. Além disso, oferece serviços essenciais como orientação jurídica e de saúde; E ainda funciona como dormitório temporário para vítimas de violência doméstica.
Ameaça de Despejo
Apesar das inúmeras contribuições para a comunidade, os ocupantes receberam na última quinta-feira (11), uma notificação de reintegração de posse. “O suposto proprietário do imóvel, que nunca usufruiu do espaço nem pagou os tributos devidos, iniciou um processo legal para retomar o prédio”, explica Raquel Moreira, uma das líderes da ocupação.
A prefeita Paula Mascarenhas recebeu no Paço Municipal os representantes da comunidade, que durante o encontro, solicitaram a ajuda do Município para permanecer no endereço atual, na esquina das ruas Benjamin Constant com Álvaro Chaves. A prefeita ressaltou o trabalho desenvolvido pelo Kilombo e reafirmou o interesse em colaborar com o processo de regularização da área.
“O trabalho desenvolvido por todos lá tem um profundo alcance social, é novo e transformador e a gente vai se mobilizar para tentar ajudar, porque não podemos nos conformar em perder aquele espaço de arte, de cultura, de acolhimento, de assistência social, extremamente necessário para a nossa cidade”, disse Paula.
Em resposta a ordem de despejo, a comunidade organizou uma vigília de resistência. O evento reuniu moradores, ativistas e simpatizantes do Kilombo, que se mobilizaram nas redes sociais e fisicamente no local para demonstrar apoio e solidariedade. “Estamos aqui para mostrar que o Canto de Conexão é mais do que um prédio; é um símbolo de luta e resistência. Transformamos este espaço em um ponto de luz e apoio para a comunidade, e não vamos sair sem lutar”, afirmou Giovane Lessa, um dos líderes da ocupação.
O prazo se encerrava nesta segunda-feira (15), mas foi prorrogado por mais cinco dias.