O diretor e cineasta Matheus Heberlê, natural de Pelotas, é o nome por trás de Enjoy the Ride, documentário que acompanha a trajetória do skatista olímpico Pedro Barros e que agora está disponível no Prime Video, em mais de 35 países da América Latina. O longa-metragem teve estreia em rede nacional durante os Jogos Olímpicos no SporTV, e consolida Matheus como um dos nomes mais promissores da nova geração do audiovisual brasileiro.
A produção levou quase oito anos para ser finalizada. Inicialmente planejado como uma websérie, o projeto foi transformado em longa durante a pandemia. “A gente precisou reinventar tudo. Era para ser uma série sobre diferentes comunidades do skate, mas com o adiamento dos Jogos e a quantidade de material que já tínhamos gravado, optamos por contar a história de forma única. Foi como montar um quebra-cabeça sem saber quais eram as peças”, explica Matheus.
Trajetória que começa em Pelotas
Na prática desde cedo, Matheus deu seus primeiros passos ainda adolescente, gravando vídeos amadores de música. Aos 16 anos, dirigiu seu primeiro curta documental. Cresceu nos corredores da TV UCPEL, onde o pai, profissional da semiótica e do telejornalismo, atuava. E se graduou em Comunicação Social na Universidade Católica de Pelotas, com especialização pela New York Film Academy.
“Eu fui criado dentro do audiovisual. E com o tempo, fui sentindo que aquilo que era só trabalho precisava também virar arte.”
Antes do documentário, Matheus já acumulava projetos de peso. Dirigiu campanhas para marcas como Vans, com destaque para o lançamento do tênis da skatista Yndiara Asp, e a série Daqui pra Tóquio, exibida no Canal OFF. Também assinou a direção visual do espetáculo da Academia Brasileira de Letras, exibido no evento “Rio Capital Mundial do Livro”, e foi diretor de fotografia para o pavilhão do Brasil na Expo Dubai 2020. Mesmo com o currículo internacional, guarda com carinho um projeto bem local: o institucional da Expresso Embaixador, produzido em Pelotas. “É um filme que eu adoro. Está no meu portfólio até hoje.”




A relação com Pedro Barros, protagonista do documentário, surgiu por laços pessoais e se transformou em parceria criativa. Juntos, eles desenharam o projeto ainda nos Estados Unidos, e com apoio de patrocinadores como Red Bull e Vans, começaram a construir o material que se tornaria o longa.
“Mais do que contar a história do Pedro, o filme é sobre se encontrar no mundo. […] O filme fala sobre comunidade, sobre pertencimento. E sobre todas as forças invisíveis que moldam quem a gente é.”
A versão exibida na SporTV foi um “soft launch” (estratégia onde um produto é lançado inicialmente para um público limitado antes de um lançamento mais amplo), para viabilizar o uso de imagens olímpicas. Já a edição final, mais autoral, estreou no Festival de Cinema do Rio e está disponível no Prime Video. O filme segue em expansão: há negociações para exibições em outros países e novos streamings.
“Eu dediquei boa parte da minha vida a esse projeto. Agora quero que as pessoas assistam, e que esse caminho continue. […] Não tem muita megalomania não. É viver disso e estar feliz de poder fazer arte, sabe?” resume Matheus.