“O Brasil é o país que mais mata a comunidade LGBT no mundo”. É com essa frase que começa o monólogo “João”, que estreia no Centro de Treinamento Tholl e fica em cartaz de 7 a 29 de setembro, celebrando os 40 anos de carreira do ator e produtor cultural João Schmidt. Com texto da dramaturga pelotense Helena Prates, a peça resgata a história de João Pedro dos Reis, brutalmente assassinado em 1897, e convida o público a olhar para as marcas que a LGBTQIA+fobia deixou e ainda deixa na nossa sociedade.

Em atuação solo, Schmidt costura arte, memória e denúncia para revisitar um episódio esquecido da história de Pelotas. João Pedro dos Reis, conhecido pejorativamente como “João Sinhá Reis”, foi morto com mais de 50 punhaladas em sua própria casa, o luxuoso “Palácio Encantado das Sete Conchas”, no centro da cidade. Mais do que revisitar o passado, a peça questiona o presente: até onde avançamos e o que ainda se repete? Quais violências seguem existindo agora, de outras formas, no cotidiano da comunidade LGBTQIA+?
Para Schmidt, o espetáculo é mais do que uma celebração de carreira, é um ato de resistência. “Queremos instigar uma profunda reflexão sobre a memória histórica e a importância de dar voz a relatos silenciados, transformando a arte em ferramenta de denúncia e justiça”, afirma o ator.
O projeto foi contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), via Edital 001/2025 da Prefeitura Municipal de Pelotas. Serão oito apresentações gratuitas ao longo de setembro, sempre aos domingos (7, 14, 21 e 28, às 18h) e segundas-feiras (8, 15, 22 e 29, às 20h), no Centro de Treinamento Tholl. Ao final do monólogo, Schmidt encara a plateia e provoca:
“E vocês? Quando as luzes apagarem, vão bater palmas como se isso tudo fosse apenas encenação?”
Ingressos gratuitos podem ser reservados pela plataforma Whizr.
Fotos: Susana Pacheco