Tempo Tambor estreia nesta sexta (12), no jardim da Secult, e propõe uma experiência audiovisual guiada por música, poesia e plano-sequência.
Em um casarão erguido por mãos negras, o cinema chega para ressignificar o espaço de ancestralidade através da música. Na próxima sexta-feira (12), às 19h30, o curta-metragem Tempo Tambor, dirigido por Êmily Passarinho e Cíntia Langie, terá exibição gratuita no jardim da Secretaria Municipal de Cultura. Filmado em plano-sequência, o trabalho propõe uma experiência audiovisual sensorial, unindo música, poesia e presença coletiva em um casarão produzido por mãos negras.
Durante dois dias, o Casarão 6 recebeu figuras de destaque do cenário artístico pelotense para contar a história que se constrói a partir da música “O amor em terras saladeris”, escrita em 2011 por Eduardo Freda, acompanhada da direção sonora de Davi Batuka e poesias de Ícaro Silveira. As canções ditam as imagens no decorrer do filme, conduzindo memórias e artistas que dão vida ao roteiro de luta e resistência da cultura negra em Pelotas.
No elenco, participam também grandes nomes da música negra de Pelotas, como Mestre Griô Dilermando Freitas, Gessi Konzgen, Henrique Freitas, Mãe Gisa de Oxalá, Aida Oliveira, Gilda Alves, Ícaro Silveira, Eduardo Freda, Marielda Medeiros, DJ Helô, além de representantes das escolas de samba General Telles, Ritmo Brabo, Dona da Noite, Batucantada, entre outros. Na equipe técnica, somam-se fotografia de Takeo Ito, produção de Bárbara Hypólito e direção de arte de Jéssica Porciúncula. Conciliar tantas agendas foi um desafio, mas as diretoras destacam que a afinidade prévia entre os participantes resultou em gravações leves, com energia forte e compartilhada.
Em entrevista ao Arte-se, a diretora Emily conta que a inspiração para realizar o filme nasce justamente do encontro entre essas personalidades negras e do desejo de experimentar um outro tempo de olhar, sustentado pelo plano-sequência (onde a câmera nunca desliga e tudo é feito numa tomada só), pela arquitetura do casarão e pela força simbólica do tempo tambor. Já Cíntia Langie enfatiza que a intenção não é narrar uma história linear, e sim provocar uma presença conjunta no espaço: “É um filme para sentir, não para compreender”, afirma.
O Tempo Tambor é um manifesto. “O filme é um gesto de retomada do que permanece vivo, corpos, tradições, sons e memórias que seguem ritmando a cultura da cidade”, escreveu Eduardo em suas redes sociais. A obra reverbera não só pela sua estética, mas também pela escuta e pelo envolvimento coletivo que marcaram cada etapa de sua construção.
A estreia de ‘Tempo Tambor’, marcada para o dia 12, no jardim da Secult, deve funcionar menos como uma simples exibição de curta e mais como um encontro cultural aberto à comunidade. Além do filme, haverá recital de poesia com Ícaro Silveira e pocket show com Eduardo Freda e Davi Batuka. A proposta é que o momento da estreia se transforme em uma experiência sensorial, guiada por música, palavra e ancestralidade, aproximando espectadores da história que o filme convoca.
O projeto foi realizado com recursos do Edital 003/2023 – Audiovisual da Lei Paulo Gustavo do município de Pelotas/RS. Com entrada franca, o evento também reforça um movimento de ocupação e valorização do centro histórico como espaço vivo da cultura pelotense.
Serviços
Estreia do curta-metragem “Tempo Tambor”
Data: sexta-feira, 12 de dezembro
Horário: a partir das 19h30
Local: Jardim da Secretaria Municipal de Cultura (Secult) – Pelotas
Entrada franca
Mais informações: @tempotambor


