O escritor Pedro Rhuas esteve em Pelotas neste sábado (1º), participando da programação da 51ª Feira do Livro, na Tenda Cultural. Reconhecido por unir temas como amor, diversidade e juventude em narrativas acessíveis e afetivas, o potiguar conversou com o público sobre sua trajetória, o poder da literatura e a importância de ocupar espaços com histórias que acolhem.
Autor dos livros “Enquanto eu não te encontro” e “O mar me levou a você”, Rhuas faz parte de uma geração que amplia o olhar sobre o que significa escrever a partir do Nordeste e da comunidade LGBTQIA+. Suas obras ultrapassam 100 mil exemplares vendidos e conquistaram leitores em todo o país, sobretudo jovens que se identificam com personagens e situações que refletem a vida real.
Durante o bate-papo, o escritor revisitou suas origens, falando sobre o incentivo à leitura vindo da mãe, as resenhas publicadas na adolescência e o período na faculdade de Jornalismo, quando percebeu que escrever poderia ser mais do que um refúgio.“O universo me deu muitos sinais de que a escrita era uma possibilidade real para mim”, contou.
Rhuas falou sobre a escolha de criar romances com finais felizes, um gesto que considera político diante de uma tradição literária que retrata corpos e amores dissidentes quase sempre pela dor. “As histórias da comunidade LGBTQIA+ não precisam ser limitadas a um olhar de escassez ou violência. Eu quis resgatar os clichês das comédias românticas e dizer que a gente também pode viver o amor com leveza.”
A passagem por Pelotas foi especial também por um motivo simbólico; era sua primeira visita ao Rio Grande do Sul. O autor destacou o significado de estar em uma cidade reconhecida pela diversidade e pelo acolhimento à comunidade LGBTQIA+. “Pelotas tem uma importância muito grande por ser um polo de acolhimento. Trazer essas conversas pra cá é um gesto de diálogo, de existir e resistir com arte.”
Ao refletir sobre o tema da feira, “A vida acontece em capítulos”, Rhuas enxergou nele o espelho da própria jornada: de leitor curioso a voz literária que inspira milhares de pessoas. “A literatura é uma ponte que atravessa abismos. Ela nos aproxima de quem somos e de quem está ao nosso lado.”
O autor anunciou ainda o lançamento de um spin-off de “Enquanto eu não te encontro”, previsto para dezembro, e encerrou o encontro com uma fala que resumiu o espírito da noite: escrever, para ele, é continuar abrindo espaço para que mais pessoas se reconheçam nas páginas de um livro.


