Re Moraes tem 24 anos e está de volta a Pelotas depois de quase uma década morando em Florianópolis. O reencontro com a cidade acontece junto com uma nova fase artística, construída entre música, performance e produção cultural. É nas ruas, nas batalhas de rap e nos eventos independentes que sua trajetória começa a ganhar forma.
A música entrou na vida de Re por meio das batalhas, onde ela encontrou voz, comunidade e espaço para viver a própria transição. Esse processo guiou tanto sua identidade quanto sua criação. O ponto de partida foi o rap, mas suas referências se ampliaram com o tempo. Hoje, Re trabalha principalmente dentro do pop e mistura estilos como o drill, que usa batidas mais graves e vocais diretos, e o funk. Também se aproxima do vogue, dança da cultura ballroom marcada por poses, gestos e atitude, criada por pessoas trans e LGBTQIA+ negras nos Estados Unidos.
Em 2023, Re lançou sua primeira música, Afropaty, com produção e clipe feitos pela Koé Records. A faixa, escrita por ela e por Taye, combina estética, corpo, desejo e autonomia dentro do universo das mulheres negras. O videoclipe reúne modelos, artistas locais e um imaginário que mistura moda, noite e presença.
Além da música, Re integra a Ballroom Satolep, coletivo que organiza eventos inspirados na tradição ballroom. Esses encontros celebram identidade, criatividade e comunidade, conectando Pelotas a um movimento que nasceu nos anos 1970 e segue vivo em diferentes cidades do mundo.
Com repertório próprio, olhar atento e vontade de construir novos espaços, Re Moraes volta a Pelotas em um momento de potência. É uma artista que está desenhando caminhos e que merece ser acompanhada de perto.
Foto: @aaanacostaaa


