Após nove meses de trabalho delicado e cheio de minúcias, a Reserva Técnica da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula ganhou um novo espaço para eternizar sua história. O local, que abriga cerca de 1,3 mil itens do patrimônio móvel da igreja, foi completamente remodelado para receber mobiliário adequado, iluminação apropriada e mapotecas restauradas, em uma organização voltada valorização das peças. Muito além de uma reforma física, é um gesto de cuidado com a memória da cidade, organizando papéis frágeis, plantas arquitetônicas, cruzes e relíquias que se guarda história.
A apresentação do espaço, realizada no dia 28 durante a VII Semana Cultural da Catedral, aproximou o público das ações que sustentam o maior projeto de preservação recente do templo. Na visita mediada, a equipe da Mnemosine Conservação de Acervos mostrou que tanto o resultado quanto os bastidores (higienização, catalogação e acondicionamento), são fundamentais para que o patrimônio siga existindo. No percurso, houveram descobertas que instigaram a curiosidade, como recibos da compra dos tijolos da Catedral, de 1933, e anotações da construção. Para o pároco, padre Wilson Fernandes, a entrega representa mais do que um projeto técnico. “Encontramos coisas preciosas, como os recibos da compra dos tijolos e anotações sobre esse importante espaço da nossa cidade”, comentou.

O projeto foi estruturado em duas etapas principais: a qualificação do ambiente físico e a elaboração de um inventário atualizado. Cada item foi higienizado, identificado e catalogado, dando continuidade ao trabalho iniciado em 2018. Documentos mais sensíveis receberam acondicionamento preventivo, reduzindo riscos e garantindo preservação futura. Para garantir a continuidade desse cuidado, a equipe tambem elaborou uma ”Oficina de Conservação Preventiva” e um ”Manual de Boas Práticas”, orientando desde a limpeza até o manejo mais responsável do acervo. Integradando a programação da Semana Cultural, a entrega reforça o papel da Catedral como marco cultural que vai além de sua arquitetura monumental. O templo é casa de memórias importantes para entender a formação da cidade, agora em um espaço mais seguro para resistir ao tempo. Diante do avanço das modernidades, a qualificação funciona como um lembrete sutil: preservar também é contar histórias e que algumas delas, recém recuperadas, ainda estão só começando a serem lidas.


